Ansiedade: um dos cânceres da alma

Por Prof. Ernani de Souza Guimarães Júnior

Nossos dias são caracterizados pela rapidez. A tecnologia fez com que tudo ficasse acelerado. A administração do tempo tem se tornado cada vez mais um desafio e por isso a preocupação em não perde-lo, afinal, como se acredita popularmente, “tempo é dinheiro”.

Mas até que ponto esse ritmo é bom e contribui para o bem-estar das pessoas? Para tentar esclarecer isso um pouco, utilizou-se uma ferramenta do Google chamada Trends, que mede o quanto as palavras têm sido buscadas na internet. Olhe essa comparação:

Nessa figura tem-se a comprovação de como os termos depressão, ansiedade e suicídio têm tido o número de buscas aumentado nos últimos anos. Não por acaso esses fenômenos também têm ocorrido em número muito maior no dia a dia. Nunca se teve tanto suicídio no mundo. No Brasil, nunca antes se constatou tantos problemas relacionados à ansiedade e depressão. É curioso perceber ainda que desde 2015 tem-se buscado mais pelo termo ansiedade que depressão, o que sugere que esse mal tem sido cada vez maior.

Mas como lidar com tudo isso? Essa é uma pergunta que tem provocado muita gente, tanto pessoas que sofrem com esses problemas, quanto médicos, psicólogos e pesquisadores. Aqui pretende-se lançar luz sobre um dos muitos pontos de vista a respeito do que ocorre.

Observe que o mundo muda e evolui em um ritmo que as pessoas não conseguem acompanhar. A tecnologia promove mudanças em volume muito maior que nossa capacidade humana de adaptação e conhecimento e o consumo tem encantado as pessoas com facilidades e condições cada vez mais sedutoras. É possível assistir a série no tempo que se deseja, sem precisar esperar o intervalo ou mesmo o próximo capítulo no dia seguinte, além de poder escolher o que se deseja assistir. A comunicação se dá em tempo quase instantâneo e não é preciso mais esperar pelas cartas (hoje quando o outro demora para responder ao whatsapp fica-se incomodado!); os serviços de banco e as compras são realizadas pelo aplicativo, sem precisar sair de casa; além de muitas outras facilidades.

Isso tudo tem mudado a relação das pessoas com o tempo. Não se admite mais esperar, afinal, esperar é perda de tempo e tempo é dinheiro. Mas será que isso se aplica às questões mentais? Será que a vontade humana controla a velocidade com que um amor rompido se cura? Ou a cura de uma lesão é resolvida na mesma velocidade do desejo do paciente?

Um dos problemas da ansiedade relacionado ao nosso tempo é a dificuldade de se tem de compreender que em grande parte da vida é preciso obedecer a um ritmo. É assim com nossa condição profissional, com nosso corpo, e com nossas emoções. Com isso se quer dizer que não se chega ao cargo de direção com um piscar de olhos, nem tampouco se tem a cura de um problema de saúde da noite pro dia. Também não se deixa de sentir a falta de um ente querido com o passar dos dias de uma única semana. Quando não se compreende isso, tem-se muito mais chance de desenvolver a ansiedade e a depressão.

Existe um mantra indiano que diz o seguinte: “Vê tudo. Não tenha medo de ver. Faça um pouco de cada vez, deixe passar um tanto”. Isso traduz muito da condição humana no seu desejo de tudo saber e tudo poder, mas apresenta também um aspecto que nem sempre é assimilado: sua limitação. O fato da pessoa ser limitada por natureza faz com que não consiga realizar muitos de seus desejos – o que ocorre com todas as pessoas e continuará ocorrendo. O problema é que isso não tem sido aceito.

Mas por que não se aceita? Algumas pessoas poderiam dizer que é em função da cobrança social e estão parcialmente corretas. Mas existem outras causas possíveis, uma delas: não se tem preparado as pessoas para serem humanas, simplesmente porque não se tem tido tempo para refletir sobre o que é o humano. Essa dificuldade exemplifica um dos problemas dos dias atuais: a falta de autoconhecimento e/ou a falta de pensar sobre o que é a condição humana.

Sofrer é da condição humana. Sofrer sempre é doença. Sentir e sofrer com a perda do campeonato pelo seu time é normal, assim como é normal sofrer pelo rompimento de um relacionamento amoroso ou a morte de uma pessoa querida. Nesses últimos exemplos, inclusive, estranho seria se não houvesse sofrimento pela perda. Onde há rompimento com o objeto de afeto, há sofrimento – é natural. Mas isso deve acontecer durante um tempo e depois ser gradativamente transportado para um nível diferente de sentimento, como por exemplo a saudade e a lembrança.

Há que se considerar também que a aceitação das condições humanas não pode ser um ato de passividade, mas um ato de consciência. O ponto de partida de qualquer processo de desenvolvimento é a consciência e a aceitação. Nosso processo de crescimento pessoal e profissional pode ser comparado a uma viagem. Em qualquer viagem se tem o ponto de partida e o destino. O desenvolvimento é o caminho a ser feito. Mas se não se sabe onde está (ponto de partida) como poderá traçar a rota para atingir o destino? Se o desejo é chegar a Ubatuba, na Praia Grande, como pode-se traçar o percurso sem saber de onde partir? Da mesma forma, se o objetivo é atingir determinada posição na carreira, como poderá se desenvolver sem saber qual o cargo atual e quais conhecimentos ou habilidades precisará aprimorar? O mesmo se diz sobre o desenvolvimento psíquico e emocional. Se o destino é ser mais tolerante, é preciso conhecer como se está hoje e o que precisa melhorar. Observe que o ponto de partida é o conhecimento do estado atual e a busca por desenvolvimento, a princípio, é a compreensão da diferença ou distância entre o estado atual e objeto do desejo (aquilo que se quer ser).

Assim, a primeira condição para enfrentar a ansiedade é saber que na vida há o tempo do desejo e o tempo da realidade de cada pessoa.

O Prof. Ernani é Coordenador do curso de Psicologia do Centro Universitário do Sul de Minas.

Escrito por: Assessoria de Comunicação

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